Reitores de universidades federais de Pernambuco alertam para crise orçamentária em 2025

Representantes das quatro universidades federais de Pernambuco se reuniram nesta terça-feira (15), na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), para discutir os desafios orçamentários previstos para 2025.

O encontro contou com a presença dos reitores Alfredo Gomes (UFPE), Maria José de Sena (UFRPE), Airon Melo (Ufape) e Telio Nobre Leite (Univasf).

O principal ponto de preocupação é a redução dos repasses financeiros e a nova forma de liberação de recursos em 1/18, ao invés da tradicional fração mensal de 1/12. A medida compromete o planejamento e o funcionamento das instituições, que já enfrentam dificuldades para manter serviços essenciais como segurança, limpeza, manutenção e assistência estudantil.

Na UFPE, por exemplo, a diferença entre o valor inicialmente previsto na proposta orçamentária de 2024 e o valor efetivamente aprovado na Lei Orçamentária Anual de 2025 foi de R$ 8 milhões.

A instituição terá R$ 170 milhões para cobrir despesas operacionais (76%) e ações de assistência estudantil (24%), valor inferior ao orçamento do ano anterior, que foi de R$ 171 milhões. Com a liberação fracionada em 1/18, a UFPE recebeu apenas R$ 49,5 milhões entre janeiro e maio deste ano, quando esperava R$ 65,7 milhões.

O reitor Alfredo Gomes destacou que o orçamento da universidade encolheu mais de R$ 40 milhões nos últimos 11 anos, mesmo com o crescimento da instituição, que hoje atende 42 mil estudantes em três campi. Ele alertou que os repasses atuais não cobrem os compromissos mensais, que somam cerca de R$ 13 milhões, enquanto os recursos liberados representam apenas R$ 10 milhões nesse período.

A reitora da UFRPE, Maria José de Sena, afirmou que a universidade só recebeu 69% dos recursos necessários para funcionar em 2025. Segundo ela, a queda histórica no orçamento ameaça a qualidade da educação e da pesquisa. “O MEC precisa agir para recompor os orçamentos em níveis sustentáveis”, defendeu.

Na Univasf, onde mais de 60% dos estudantes estão em situação de vulnerabilidade, o reitor Telio Nobre Leite ressaltou que a redução de recursos compromete atividades essenciais como visitas de campo e deslocamentos entre os campi, fundamentais para a formação acadêmica. A universidade possui unidades em Pernambuco, Bahia e Piauí.

Já o reitor da Ufape, Airon Melo, lembrou que a instituição, criada em 2018, enfrenta desafios adicionais. Com um quadro de apenas 150 servidores, a universidade depende fortemente do orçamento discricionário. “Além do contingenciamento comum às demais, temos limitações estruturais por sermos uma universidade jovem e em expansão”, afirmou.

Os gestores defenderam a necessidade urgente de recomposição orçamentária por parte do Governo Federal e informaram que o tema será discutido na próxima reunião da Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior), marcada para o dia 24 de abril.

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