Mais de 1.500 armas apreendidas em clube do tiro de Caruaru são entregues à PM

Um total de 1.549 armas de fogo apreendidas em um clube de tiro localizado em Caruaru, no Agreste pernambucano, durante a Operação Zona Cinza, da Polícia Federal (PF), foi entregue à Polícia Militar de Pernambuco (PMPE) nesta terça-feira (2). Entre as armas apreendidas no estabelecimento e cedidas pela PF à PM, estão pistolas, fuzis, espingardas, rifles, entre outros equipamentos que serão utilizados pela corporação.

A entrega das armas aconteceu em cerimônia no Quartel do Comando Geral da Polícia Militar, no bairro do Derby, região central do Recife, nesta manhã. O evento contou com a presença do superintendente da Polícia Federal em Pernambuco, Antonio de Pádua Vieira Cavalcanti; da secretária de Defesa Social do Estado, Carla Patrícia Cunha; e do Comandante Geral da PMPE, Tibério César do Santos. Na cerimônia, as autoridades assinaram um termo registrando a doação das armas.

“É um momento significativo da operação Zona Cinza, que identificou criminosos que estavam por trás de um esquema envolvendo autorizações de CACs (Caçadores, atiradores e colecionadores) de forma ilegal. São armas de fogo que devem fazer a proteção da população e têm que estar nas mãos das forças de segurança”, comentou Antônio de Pádua.

Ao todo, a operação Zona Cinza, ocorrida em outubro do ano passado, resultou na apreensão de 2.555 armas, a maior entre as conduzidas pela corporação nos últimos dez anos. De acordo com o superintendente da PF em Pernambuco, as mais de mil armas que, em um primeiro momento, não foram destinadas à segurança pública, devem passar por um processo de avaliação antes de uma nova cessão.

A entrega das armas de forma antecipada, antes do julgamento dos alvos da operação Zona Cinza, foi autorizada pela 37ª Vara da Justiça Federal, atendendo a pedido da Polícia Federal. “As armas cedidas à PM passaram por perícias e a pertinência do uso foi avaliada por nós [da PF] e pela Secretaria de Defesa Social. Esses equipamentos, portanto, serão muito mais bem empregados e utilizados pela segurança pública do Estado”, completou o superintendente Antônio de Pádua.

Segundo a secretária de Defesa Social de Pernambuco, Carla Patrícia Cunha, a doação dos equipamentos faz com que a gestão estadual se aproxime de uma meta: a atribuição de uma arma e um colete a cada policial militar do estado. “Essa cerimônia demonstra a importância de um trabalho integrado. Tivemos a participação irrepreensível da Polícia Federal, que resultou em uma apreensão recorde. Essas armas, que ficariam depositadas, foram disponibilizadas para uso da Polícia Militar; isso só foi possível pela sensibilização do Poder Judiciário, que as liberou”, comentou a titular da pasta.

A Operação Zona Cinza
As investigações conduzidas pela PF durante a Zona Cinza identificaram a existência de um esquema ilegal de comércio de armas de fogo, por meio da “produção de documentos ideologicamente falsos”; segundo a corporação, a organização criminosamente utilizaria esses documentos para “viabilizar e dar aparência de legalidade” à venda e ao porte ilegal desses equipamentos.

O grupo também usava pessoas jurídicas como instrumentos para produzir entrevistas, vídeos e outros conteúdos para difundir publicidades ilegais para a venda, de forma a estimular o uso indiscriminado de armas de fogo e incitando a prática de crimes. Essas pessoas se diziam caçadores, colecionadores ou atiradores desportivos.

A secretária de Defesa Social de Pernambuco, Carla Patrícia Cunha, se posicionou, ainda, sobre a situação do escrivão licenciado da Polícia Civil de Pernambuco Diego de Almeida Soares, dono do clube de tiro. Diego é apontado pelas investigações da PF como acusado de fraudar documentos para vender armas e conseguir porte ilegal para associados ao estabelecimento, que funcionava em Caruaru.

“A Secretaria de Defesa Social emitiu uma portaria dizendo que pessoas que compõem o efetivo da SDS e estejam envolvidas em práticas delituosas, sejam presas em flagrante ou investigadas terão os procedimentos priorizados pela corregedoria. A partir do momento que outra instituição – nesse caso, um juiz, em juízo – emitir um parecer sobre o assunto, a secretaria tem a obrigação de acelerar a investigação e, assim, passar, de forma muito clara, que não aceitaremos desvios de conduta”, comentou.

Fonte FolhaPE

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