Em mais um evento montado especialmente para receber no Palácio do Planalto movimentos sociais e ainda intelectuais do setor de educação, contrários ao impeachment, a presidente da República iniciou o discurso dizendo que repetiria uma das frases de um dos cartazes portados por um dos presentes: “esse não será o País do ódio, definitivamente não será o País do ódio”, disse a presidente antes mesmo de citar os presentes. “Que não se construa o ódio como uma forma de fazer política no País. O ódio, a ameaça, a perseguição de pessoas”, completou ela no evento batizado de Encontro da Educação pela Democracia, a presidente Dilma Rousseff (PT).
Antes de Dilma, no dia seguinte à comissão da Câmara aprovar para votação o pedido de admissibilidade do processo de impeachment contra ela, o ministro Celso Pansera, da Ciência, Tecnologia e Inovação disse que ele e outros dois ministros deputados licenciados do PMDB – o da Saúde, Marcelo Castro, e o da Aviação Civil, Mauro Lopes – deixarão os cargos para votarem contra o processo de impeachment na Câmara.
Já o ministro da Educação Aloizio Mercadante defendeu Dilma. “Estão procurando contra essa combativa senhora tudo que pudesse atingir sua história de vida, percorreram todos os capítulos da historia e não encontraram nada a não ser a coerência de quem foi presa e torturada lutando pela democracia”, disse. “Os golpistas estão prestando uma grande homenagem a sua vida, sua biografia, sua história”, afirmou.
Entre os 11 representantes da educação, o discurso foi contrário ao impeachment, mas com vários pedidos à presidente pelo aumento dos investimentos em educação, ciência e tecnologia, além de medidas econômicas como a taxação de grandes fortunas. “Hoje estaremos contra impeachment, amanhã estaremos nas ruas pelos 10% do PIB (para a educação), pelo PNE (Plano Nacional de Educação), pela expansão das universidades e por mais futuro e educação”, afirmou Carina Vitral, presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE).
Ela lembrou que a entidade lutou pelo Fora Collor, no impeachment do ex-presidente e senador Fernando Collor (PTC) e repetiu o discurso de que “para ter impeachment precisa ter clima de responsabilidade”, disse. “Não nos sentimos representados por Michel Temer, por Eduardo Cunha e nem por Aécio Neves”, completou.
Além dos gritos tradicionais de “não vai ter golpe, vai ter luta”, o evento foi marcado por outros de descontração, com os presentes entoando cantos com paródias das músicas funk “Atoladinha”, de MC Bola de Fogo e “Baile de Favela”, de MC João, sempre com palavras em defesa à presidente.
Do Estadão Conteúdo