A questão é o caso do internauta que quando namorava sua atual esposa, foi descoberto assistindo a vídeos pornôs pelo celular. Ela ficou muito brava e quis terminar tudo. Essa situação se repetiu, mas ele a pediu em casamento e jurou que nunca mais faria isso. Estão casados há seis meses, e agora ela descobriu que o marido continua assistindo aos vídeos. O internauta está desesperado, porque a esposa não o perdoa e quer se separar.
O sexo virtual provoca ciúmes e separações mundo afora. É, sem dúvida, a origem de graves desentendimentos entre os casais. O ator Brad Pitt separou-se, em 2005, de Jennifer Aniston por praticar sexo virtual com sua futura mulher, a atriz Angelina Jolie, segundo a revista People. Entretanto, não foram apenas as celebridades que reagiram enciumadas ao descobrirem que seus parceiros mantinham relações diante da tela do computador.
Desconheço dados disponíveis no Brasil, mas segundo a imprensa britânica, uma pesquisa mostrou que o Facebook é apontado ou citado em 33% dos pedidos de divórcio realizados durante o mês de dezembro de 2011.
Recentemente, foi publicado que o aplicativo “WhatsApp” é citado em 40% dos casos de divórcio na Itália, segundo a presidente da Associação de Advogados Matrimoniais daquele país.
A virtualidade é uma nova faceta de nossa existência, e temos que conviver com ela. Mas na realidade é apenas um detalhe no que diz respeito ao controle que é exercido entre os parceiros.
Esse controle resulta da ansiedade de abandono que afeta a pessoa. Um bom exemplo é o do artista espanhol Pablo Picasso. Ele tinha tanto medo de perder a mulher, Fernanda, que escondia os sapatos dela, pra que ela não pudesse sair de casa. Bom…não adiantou nada, ela se apaixonou por um pintor italiano e fugiu com ele.
Na maioria dos casamentos, homens e mulheres vivem dentro de regras e normas estabelecidas com o objetivo de controlar a liberdade de cada um. Há até quem aceite ser controlado desde que isso seja um bom motivo para controlar o outro.
O amor romântico não é apenas uma forma de amor, mas todo um conjunto psicológico – ideais, crenças, atitudes e expectativas. Essas ideias determinam como as pessoas devem sentir e reagir.
A questão é que muitas das crenças são equivocadas e geram sofrimento, principalmente aquelas que pregam que quem ama não tem olhos pra mais ninguém; que o amado deve ser a única fonte de interesse.
É fundamental que homens e mulheres, para viverem melhor, reflitam sobre como se vive o amor na nossa cultura. Quanto à dependência amorosa e à possessividade isso é mais do que necessário.
Mas assistimos a grandes transformações no mundo, e no amor o dilema atual se situa entre o desejo de simbiose – se fechar na relação com o parceiro – e o desejo de liberdade. E este parece que começa a predominar.
Por Regina Navarro Lins, psicanalista e escritora, autora de 11 livros sobre relacionamento amoroso e sexual.