E o caso Beatriz?

Matos têm olhos e paredes têm ouvidos, os crimes são descobertos, por mais que sejam escondidos”

interrogacao

É confiando nesse adágio popular que seguimos acreditando que o caso Beatriz terá seu desenlace.

Trata-se de um assassinato de uma criança de apenas sete anos, que deixou a sociedade do Vale do São Francisco aterrorizada e perplexa com tamanha crueldade e maiormente, com a possibilidade de não se chegar ao autor deste bárbaro crime.

A polícia inicialmente convocou coletiva de imprensa, comprometendo-se a dar uma resposta e o tempo está passando e nem sinal de resposta, pelo menos não se tem nenhum dado concreto que indique estar a investigação próximo do fim. Porém, nós seguimos confiando na capacidade técnica da equipe da Polícia que conduz este caso, e sabemos da relevância do fator tempo em perquirições dessa espécie.

Nas confraternizações de final de ano, nos encontros familiares ou com amigos e nas redes sociais o caso Beatriz tem sido o assunto mais comentando, todas as pessoas se investem de investigadores, trazendo hipóteses que possam levar a motivação e execução de tão cruel assassinato.

O triste tema tem causado uma revolta social. As nossas crianças estão assombradas, se negam a ir para a escola, não querem brincar fora de casa, pois neste momento passam a compreender um assunto que antes só era de interesse de adultos- a violência- e nós temos obrigação de acolhê-las e de fato fazer com que assimilem a tal violência a qual todos nós estamos expostos, porque é preciso criar mecanismos de defesa para nossos inocentes.

A infância e o lúdico dão lugar as preocupações, pois não existem mais lugares seguros. Por todas as partes temos que estar em constante vigilância. Nossas crianças não podem mais confiar em quase ninguém. Em casa e na escola são os lugares que pensávamos que nossos filhos estavam seguros, agora temos plena certeza que não.

E esse fato não é um caso isolado, foi o primeiro dentro de uma escola particular em Petrolina, mas os noticiários dão conta da quantidade de crianças que são mortas no interior de suas escolas e residências, mortas por estranhos e também por familiares, portanto não estamos seguros nem dentro de casa e nem na escola.

Nosso futuro está ficando cada vez mais comprometido, a questão da segurança no Brasil urge por mudanças, as penas previstas no Código Penal são demasiadamente brandas, e isso é extremamente favorável aos criminosos, contribui para o descontrole da criminalidade e dá a certeza de que por mais tempo que passem encarcerados, eles ainda terão liberdade.

A família de Evelin, outra criança estuprada, morta e esquartejada em Belém do São Francisco, qual a liberdade que essa família algum dia experimentará? O algoz está preso, mais não morrerá na cadeia, muito pelo contrário este agora está sob a tutela do Estado, de modo que qualquer coisa que aconteça com ele dentro da carceragem o Estado será responsabilizado.

De igual modo se encontra a família do garotinho Alisson, a criança brincava no parquinho da sementeira, em Petrolina, quando foi atraída para ser objeto de outro crime abominável, foi estuprado, morto e em seguida jogado em um canal. O seu algoz está detido, sob a tutela do Estado, em uma cela, isolado para que seja garantida a sua integridade, mas certamente, não morrerá na cadeia. E a família presa a essa dor que jamais passará.

A família de Beatriz está neste momento experimentando o que nenhum ser humano merece provar, a aflição de ter perdido um dos seus bens mais preciosos e a incerteza da descoberta do impiedoso assassinato.

Estamos vivendo um momento muito difícil, porque precisamos mais do que nunca pensar que pode acontecer com qualquer um, os fatos narrados.

Ao invés de ensinar as nossas crianças que elas devem dar bom dia, boa tarde, boa noite e obrigado, teremos que ensinar a não falar com ninguém porque um simples cumprimento desse pode servir de isca para os algozes que podem estar do seu lado, infelizmente.

Por Sebastiana Negreiros- Advogada militante no Vale do São Francisco

9 Comentários

  • Soraide

    21 de dezembro de 2015 at 18:26

    Ótimas colocações,Sebastiana. Todos querem uma resposta para tamanha brutalidade.
    A dor e revolta de crianças brutalmente ceifadas ee a revolta de ver os responsáveis sob proteção do Estado não podem se tornar uma constante em nossas vidas.
    Não, não , não acalmo o meu coração em relação a esses monstros e serem hóspedes do ssistema e ainda as nossas custas me revolta mais ainda!
    Deus tenha Misericórdia das famílias que têm que conviver com perdas tão dolorosas para o resto de suas vidas.

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  • Suelly Bezerra

    21 de dezembro de 2015 at 18:38

    Parabéns Sebastiana! Um texto bem elaborado, representa o sentimento de muitas famílias, é exatamente isso, não existe crime perfeito.
    A sociedade exige que seja revelado o nome de quem cometeu essa barbárie!!!

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  • Leonardo

    22 de dezembro de 2015 at 07:09

    Não é que não confiamos no trabalho da polícia, mas essa falta de informação abre espaço para muitas especulações. Assim como a polícia não quer boatos, a sociedade quer informações. Nós precisamos saber exatamente o que aconteceu até para tentarmos nos defender no futuro. E principalmente queremos punição ao culpado, ou culpados, o quanto antes.

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  • Maria

    29 de dezembro de 2015 at 07:07

    Se não mudar as leis do Brazil a tendência e cada dia a violência aumentar teria que ter pena de morte para quem mata e prisão perpétua também para um crime bárbaro deste . Que pais e este que a pessoa mata ou seja como e que um assassino mata e e protegido pelo estado ou seja pelas leis isso e um absurdo se torna até ridículo !!! QUE PAIS E ESTE ???

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  • ivete barreto-luger

    2 de maio de 2016 at 09:13

    Ola,

    Ontem eu estava procurando algo no youtube e deparei-me com essa noticia terrivel da morte da menininha Beatriz.
    Dali pra frente passei a ver todos os videos, ler os blogs, comentarios, etc.
    Pessoal, todo mundo fala de um provavel ASSASSINO e o homem da foto é o que mais está na mira da policia.

    Mas sinceramente pelo jeito do crime eu acho que foi uma ASSASSINA. Alguem que matou só pra PUNIR o casal ou o pai da menina por ser muito achegado na mesma.

    Foram mais de 40 facadas e nenhuma agressao sexual. O homem feito do retrato falado teria abusado da menininha (ele tem cara de louco), mas nao foi o caso.

    40 facadas é EMOCIONAL DEMAIS. Alguem estava fora do controle e com muito odio no coracao.

    Acho que foi uma mulher (pode ser aluna, mae de aluna(o), professora, secretaria, enfim acho que foi uma MULHER que ama o professor em segredo e ficou enciumada ao ver a familia dele reunida na comemoracao da formatura da filha. Dai o odio.

    Pensem nisso. É gente daquela escola e uma mulher. Depois me contem!

    Ah, resido fora do Brasil em Vienna/Austria e deixo um abracao a todos voces.

    ivete

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  • Silvestre

    3 de maio de 2016 at 06:49

    A violência está tomando conta não só no Brasil mais no mundo todo. Veja os crimes que acontecem em outras escolas, o terrorismo, as guerras, entre outras que vemos todos os dias nos meios de comunicação. Não podemos condenar o Colégio Maria Auxiliadora. Pergunto: Se entram dentro de nossas casas e cometem crime a culpa é nossa? Temos que estar vigilantes com nossas crianças não deixando sozinhas, principalmente em ambientes com muitas pessoas, elas precisam de nossa proteção são inocentes e por mais que orientamos acreditam em qualquer pessoa. A insegurança infelizmente está até dentro de nossas casas.

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