O ex-presidente Jair Bolsonaro prestou depoimento à Polícia Federal nesta quinta-feira (5) e negou ter feito qualquer contato com autoridades do governo dos Estados Unidos para solicitar sanções contra membros do Judiciário brasileiro, incluindo o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O depoimento foi colhido no âmbito do inquérito que investiga a atuação do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) na suposta tentativa de influenciar o governo norte-americano a adotar medidas contra Moraes. O ministro é relator da investigação sobre uma possível trama golpista e também conduz o inquérito das fake news.
De acordo com Moraes, Jair Bolsonaro deveria prestar esclarecimentos por ser apontado como potencial beneficiário das ações do filho e por ter afirmado publicamente que arcava com as despesas de Eduardo no exterior.
No depoimento, Bolsonaro declarou que não manteve contato com autoridades estrangeiras e que Eduardo atua de forma autônoma nos Estados Unidos.
Bolsonaro também argumentou que “os Estados Unidos não aplicariam sanções por lobby de terceiros”, afastando qualquer influência pessoal nesse tipo de iniciativa.
Durante a oitiva, o ex-presidente confirmou que enviou R$ 2 milhões a Eduardo para custear suas despesas nos Estados Unidos. Os valores, segundo ele, foram transferidos diretamente de sua conta bancária e têm como origem doações via Pix realizadas por apoiadores em 2023. Na ocasião, Bolsonaro recebeu cerca de R$ 17 milhões em transferências.
Após a abertura do inquérito, Eduardo Bolsonaro classificou a investigação como “injusta e desesperada”, alegando que ela confirma a existência de um “regime de exceção” no Brasil. “Tudo no Judiciário depende de quem seja o cliente”, afirmou o deputado.