Um bebê de apenas três meses morreu após ser brutalmente atacado por um cachorro da raça pitbull, na tarde desta segunda-feira (14), em São Lourenço da Mata, na Região Metropolitana do Recife (PE). A tragédia ocorreu na Rua Gutemberg, no bairro da Várzea Fria.
De acordo com as informações iniciais, o pequeno Lucas Levi dos Santos estava sob os cuidados de uma mulher — que também é tutora do animal — no momento do ataque.
O pitbull, que costuma ficar no quintal da residência, conseguiu entrar na casa e avançou sobre a vítima. Em desespero, a cuidadora teria tentado proteger o bebê colocando-o dentro de um guarda-roupa, mas o cão conseguiu abrir a porta e voltou a atacar o recém-nascido.
O Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco (CBMPE) foi acionado e, ao chegar ao local, constatou que a criança já estava sem sinais vitais. A área foi isolada por agentes do 20º Batalhão da Polícia Militar para os procedimentos do Instituto de Criminalística (IC) e do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). O caso está sendo investigado.
Crescem os casos de ataques de pitbulls no Brasil
O caso de Lucas Levi reacende uma discussão nacional: como lidar com o aumento dos ataques envolvendo cães da raça pitbull no Brasil? Só nos primeiros meses de 2024, diversos ataques graves foram registrados em estados como São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Bahia.
Segundo levantamento de entidades de proteção animal e órgãos de saúde, o número de ocorrências envolvendo pitbulls cresceu significativamente nos últimos anos, impulsionado pela popularidade da raça e a falta de controle sobre sua criação e circulação em ambientes públicos.
Especialistas em comportamento animal explicam que, apesar de muitos pitbulls serem dóceis e bem treinados, trata-se de uma raça de força física elevada, o que exige socialização adequada, adestramento especializado e responsabilidade legal dos tutores.
Estados discutem medidas para controlar a situação
Alguns estados brasileiros têm tentado implementar leis específicas para garantir maior segurança e controle sobre cães de raças consideradas potencialmente perigosas.
São Paulo exige que pitbulls, rottweilers e outras raças similares usem focinheira em locais públicos, sob pena de multa.
Paraná e Rio Grande do Sul discutem projetos de lei que pretendem criar um cadastro estadual de cães dessas raças, exigindo atestado de adestramento, chip de identificação e comprovação de vacinação atualizada.
Em Minas Gerais, tramita um projeto que propõe restrição à criação doméstica de pitbulls sem autorização prévia e fiscalização por órgãos de proteção animal.
Em Recife, após casos como o deste bebê, vereadores já articulam a criação de um protocolo de fiscalização mais rigoroso, além de campanhas de conscientização sobre posse responsável.
O que dizem os especialistas
Veterinários e adestradores reforçam que o problema não está na raça em si, mas na forma como o animal é criado. Pitbulls exigem tutores experientes, ambiente adequado, e adestramento desde cedo. “É preciso entender que não é um animal qualquer. A negligência ou desconhecimento podem custar vidas”, alerta a adestradora e especialista em comportamento canino, Juliana Mota.
Organizações de proteção animal também defendem a adoção consciente e ações educativas em vez de uma proibição total da raça. No entanto, concordam que a ausência de legislação e fiscalização contribui para tragédias como a que vitimou o pequeno Lucas.