Açudes secos e sem perspectiva de chuva, interior de Casa Nova volta a sofrer com a seca

A comunidade parece deserta e o sol, ainda na manhã, já queima. Uma rua, a escola, mais silêncio e uma porta, larga, aberta, é a “venda” de Seu Elpídio sem nenhum freguês. É o Poço do Umbuzeiro, localidade a mais de 100 quilômetros da sede de Casa Nova, no interior do norte da Bahia.

O dono da “venda”, onde se acumulam materiais os mais diversos e um monte de pele de caprinos nos cantos nos responde com tranquilidade: “Não, não vai chover tão cedo. É uma coisa que aprendi com meu avô: se o tempo está assim, a chuva demora a chegar”

Nos serve água, quase cristalina, vinda de caminhão pipa, que segundo boatos vai deixar de rodar para o Poço do Umbuzeiro, e adianta, que nem que a gente queira vai ver água no açude da comunidade.

Não economiza elogios ao atual prefeito, que, segundo ele, “fez mais que os outros, mas não pode fazer milagre. Ele esticou o tempo de vir caminhão pipa, ele limpou o açude e consertou a estrada, mas o sol forte e nenhuma gota de chuva, levou a água embora”

Nos mostra, saindo à porta, no meio da rua poeirenta, a direção do açude. Pouco menos de cindo minutos estamos lá. É uma grande depressão, com uma parede, onde se vê sinais de cuidados, uma cerca e terra seca. Nem umidade no centro da depressão. Seco. Seco.

Jardineira é menor ainda e mais afastada. A “venda” fechou, o gado foi levado para as margens do lago, a 50 quilômetros e as pessoas mostram desânimo, umas assustadas porque se fala muito na suspensão da vinda dos caminhões pipa que ainda abastecem a comunidade toda semana.

“Se não tiver caminhão trazendo água e continuar assim sem chuva, não sei como a gente chega no ano que vem” – diz Dona América, que já viveu em São Paulo e  voltou para cuidar dos pais, que morreram a cinco anos  e ela não conseguiu mais sair da Jardineira: “Não consigo vender nem a casa nem a roça e não quero abandonar tudo aqui” – explica.

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