A ausência de parlamentares no Plenário da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) voltou a impedir a votação de projetos importantes nesta terça-feira (3), gerando mais uma rodada de críticas e troca de acusações entre deputados da base governista e da oposição. Para que haja deliberação, é necessário o quórum mínimo de 25 parlamentares presentes, o que não foi alcançado.
Entre as matérias previstas, estava o projeto do Poder Executivo que trata do reajuste do piso salarial dos profissionais da educação da rede estadual. A proposta chegou a ser aprovada nas comissões pela manhã, mas não foi apreciada em Plenário devido à ausência de quórum.
A situação gerou críticas por parte de deputados da oposição, como Junior Matuto (PSB), que lamentou a ausência de governistas em uma pauta considerada essencial. “É obrigação de quem levanta a bandeira do compromisso com o povo pernambucano fazer algo pela educação”, declarou.
Waldemar Borges (PSB) reforçou as críticas, apontando que o esvaziamento do Plenário pode ser uma reação política ao fato de ainda não ter sido votada a autorização para que o Governo do Estado contrate um novo empréstimo. “Queremos saber o que foi feito com R$ 1,7 bilhão autorizados desde 2023”, questionou.
Também do PSB, Cayo Albino avaliou que a gestão de Raquel Lyra tem falhado em áreas essenciais como segurança pública, educação e gestão financeira. “Não se deve brincar com a esperança das pessoas. E é isso que o Governo do Estado faz a cada dia, a cada manobra”, afirmou.
Outros parlamentares da oposição, como Romero Albuquerque (União), Dani Portela (PSOL) e Rosa Amorim (PT), também se manifestaram contra a falta de quórum. Já o deputado Renato Antunes (PL), da base governista, rebateu, afirmando que a ausência maior foi entre os oposicionistas. “É só observar no painel. Falam que foi manobra, mas espero que não seja, porque é uma prática ultrapassada e que não condiz com a responsabilidade desta Casa”, pontuou.
Antunes defendeu o envio do reajuste por parte do governo, que segundo ele, busca valorizar a carreira dos professores, com melhorias para os profissionais com mais tempo de serviço e maior escolaridade.
Em sua fala, o deputado também cobrou coerência do sindicato estadual, pedindo apoio à luta dos professores da rede municipal do Recife, que encerraram greve sem ter o piso salarial incorporado. “Paulista e Jaboatão deram reajuste acima de 6%. Por que a capital do Nordeste não valoriza a educação?”, questionou.
Durante a sessão, Romero Albuquerque ainda fez uma questão de ordem para destacar que 19 dos parlamentares ausentes eram da base governista, o que representa mais da metade das ausências. Ele criticou o direcionamento das acusações apenas à oposição, sem considerar a ausência de outras bancadas, como a do PP.
Na tentativa de apaziguar os ânimos, o deputado João Paulo (PT) fez um apelo por diálogo entre a Alepe e o Governo do Estado. Ele enfatizou que pautas urgentes, como o reajuste dos servidores da educação, a sabatina do novo administrador de Fernando de Noronha e a escolha da nova direção da Adagro, não podem ser prejudicadas por disputas políticas. “Essa Casa precisa cumprir seu papel e votar com urgência projetos que impactam diretamente a vida da população”, ressaltou.
João Paulo também aproveitou seu tempo de fala para sair em defesa do deputado federal Glauber Braga (PSOL), que responde a processo de cassação após um episódio envolvendo um membro do Movimento Brasil Livre (MBL), no Congresso Nacional, em 2024.
Ainda sobre o impasse no Legislativo estadual, o deputado Doriel Barros (PT) apontou que a falta de sintonia entre os poderes tem dificultado os avanços em Pernambuco. Para ele, a antecipação do debate eleitoral tem prejudicado o funcionamento da Casa. “Eleição é só no próximo ano. Antecipar esse debate está atrapalhando o Parlamento e penalizando o povo. É preciso sentar e discutir com o Governo do Estado”, concluiu.
Em outro momento, Doriel destacou o trabalho desenvolvido pelo Instituto Federal de Salgueiro, que, segundo ele, vem fortalecendo a apicultura no Sertão do estado, promovendo desenvolvimento e geração de renda na região.