Em mensagens internas, deputados do União pressionam Pedro Lucas a rejeitar ministério

Após a divulgação de uma nota do deputado Pedro Lucas Fernandes (União-MA), em que afirma que só aceitará o convite para assumir o Ministério das Comunicações após consultar a bancada do União Brasil, parlamentares da sigla começaram a se mobilizar para convencê-lo a recusar o cargo e seguir à frente da liderança do partido na Câmara.

A GloboNews teve acesso a mensagens trocadas em um grupo de WhatsApp da bancada, nas quais diversos deputados expressam a preferência pela permanência de Pedro Lucas na liderança, posição que assumiu no início do ano após uma disputa interna intensa que contou com o apoio direto do presidente do União Brasil, Antônio Rueda. A eleição, marcada por divisões e três candidaturas, ampliou o racha dentro da bancada.

Desde a quarta-feira (9), aliados de Rueda têm buscado uma solução que permita a nomeação de Pedro Lucas ao ministério sem comprometer o espaço de poder na liderança da Câmara. No entanto, a movimentação esbarra em interesses de outras alas do partido, incluindo o grupo ligado ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).

Alcolumbre articula para emplacar na liderança o deputado Juscelino Filho (União-MA), que recentemente deixou o Ministério das Comunicações após ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e retornar ao mandato parlamentar. A estratégia, segundo avaliação de membros da sigla, é manter influência na Câmara. Porém, muitos deputados se opõem à manobra, afirmando que Juscelino deve focar na própria defesa e não utilizar a liderança como ferramenta política.

Outro possível desdobramento seria o fortalecimento de uma ala dissidente do partido, que poderia tentar eleger um novo líder. Um dos nomes cotados é o do deputado Mendonça Filho (União-BA), vice-líder da oposição e adversário de Pedro Lucas na eleição da liderança deste ano.

No grupo de WhatsApp, o próprio Pedro Lucas compartilhou a nota em que declara sua intenção de ouvir os colegas antes de tomar uma decisão. A mensagem gerou uma série de manifestações.

O deputado Marcelo Freitas (União-MG) foi um dos primeiros a responder: “Você iniciou há pouco um trabalho [na liderança] e, na medida do possível, penso que deveria continuar com ele”.

Outros parlamentares elogiaram o gesto de diálogo, mas também reforçaram que preferem a permanência de Pedro Lucas na liderança. “Querido amigo, parabéns pelas palavras [em relação à nota], realmente estava achando estranho essa decisão ser tomada sem sequer ouvir a nossa bancada”, escreveu Leur Lomanto Jr. (União-BA).

Em tom mais direto, Fausto Junior (União-AM) destacou o momento político: “Estamos às vésperas das eleições e precisamos da sua condução para resolvermos as nossas pautas e emendas neste ano. E sendo bem franco, por maior que seja o esforço, dificilmente a partir do ministério das Comunicações a gente vai atender as nossas bases com todas as demandas que precisamos”.

Entre os bastidores da articulação está o ministro do Turismo, Celso Sabino, também integrante do grupo de WhatsApp. De acordo com parlamentares da legenda, ele teria atuado para viabilizar a ida de Pedro Lucas ao ministério. Após a divulgação da nota, Sabino também reagiu, embora o conteúdo exato de sua mensagem não tenha sido revelado.

A definição sobre o futuro de Pedro Lucas deve impactar diretamente a correlação de forças dentro do União Brasil, partido que já enfrenta divisões internas e disputas por protagonismo entre seus principais quadros.

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