Após registrar alta de 1,31% em fevereiro, a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelerou para 0,56% em março, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mesmo com a desaceleração, todos os grupos de produtos e serviços pesquisados apresentaram variação positiva no mês.
O grupo Alimentação e bebidas foi o principal responsável pela inflação de março, com alta de 1,17%, frente a 0,70% em fevereiro, respondendo por 45% do índice do mês e contribuindo com 0,25 ponto percentual. Os produtos que mais se destacaram foram o tomate (22,55%), o ovo de galinha (13,13%) e o café moído (8,14%). Juntos, esses itens foram responsáveis por um quarto da inflação mensal. Apenas o café acumula alta de 77,78% nos últimos 12 meses.
De acordo com o gerente da pesquisa, Fernando Gonçalves, a forte elevação no preço do tomate se deve à maturação acelerada provocada pelo calor nos meses anteriores, o que antecipou a colheita e reduziu a oferta em março. Já a alta no preço dos ovos foi atribuída ao aumento no custo do milho, base da alimentação das aves, além do crescimento na procura durante o período da quaresma.
No caso do café, a alta expressiva é explicada pela redução na oferta global, especialmente após perdas na safra do Vietnã por conta de condições climáticas adversas, o que também afetou a produção nacional.
O segundo maior impacto veio do grupo Transportes, com avanço de 0,46% em março, frente a 0,61% em fevereiro, contribuindo com 0,09 p.p. para o IPCA. A passagem aérea teve destaque ao inverter a trajetória de queda registrada em fevereiro (-20,46%) e subir 6,91% no mês seguinte.
Por outro lado, os combustíveis, que haviam aumentado 2,89% em fevereiro, desaceleraram para 0,46%. A gasolina teve alta de 0,51%, o diesel de 0,33% e o etanol de 0,16%. Já o gás veicular passou de queda de 0,52% para alta de 0,23%. Houve ainda uma redução média de 1,09% nas passagens de ônibus urbano, influenciada por mudanças tarifárias em capitais como Porto Alegre, Curitiba e Brasília.
O grupo Despesas pessoais apresentou a segunda maior variação no mês, com aumento de 0,70%, após alta de 0,13% em fevereiro. A maior pressão veio do subitem cinema, teatro e concertos, que subiu 7,76%, com o fim da campanha promocional da “Semana do Cinema” em fevereiro.
O grupo Habitação, que havia registrado alta de 4,44% no mês anterior, teve variação de 0,24% em março. A energia elétrica residencial, principal item do grupo, desacelerou de 16,80% para 0,12%, refletindo reajustes tarifários e alterações nas alíquotas de PIS/Cofins em algumas distribuidoras.
Outros grupos também apresentaram desaceleração: Artigos de residência (de 0,44% para 0,13%), Saúde e cuidados pessoais (0,49% para 0,43%) e Educação (4,70% para 0,10%). Em contrapartida, os preços de Vestuário (de 0,00% para 0,59%) e Comunicação (0,17% para 0,24%) aceleraram.
Considerando os agregados especiais, o índice de serviços passou de 0,82% para 0,62% e os preços monitorados, controlados pelo governo, recuaram de 3,16% para 0,18%.
Entre as regiões pesquisadas, Curitiba e Porto Alegre lideraram com as maiores variações (0,76%), puxadas pelo aumento no preço da gasolina. Já os menores índices foram registrados em Rio Branco e Brasília (0,27%), influenciados pela redução nas tarifas de transporte público e queda nas passagens aéreas.
Com isso, o IPCA acumula alta de 2,04% no ano e de 5,48% nos últimos 12 meses, superando os 5,06% registrados no acumulado até fevereiro. Em março de 2024, o índice havia sido de 0,16%.
Fonte Diário de PE