Após décadas extinta na natureza, a ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) avança mais um passo no processo de reintrodução. Um grupo de 41 indivíduos, transportado da Alemanha no final de janeiro de 2025, concluiu a quarentena sanitária e foi transferido para o Centro Científico para Fins Conservacionistas do Projeto Reintrodução, em Curaçá (BA).
A espécie desapareceu da natureza em 2000 devido à caça ilegal e à destruição do habitat. No entanto, desde 2020, esforços internacionais possibilitam sua reintrodução.
Naquele ano, 52 aves foram repatriadas e levadas para uma área protegida na Bahia. Agora, com a chegada de mais 41 ararinhas, a expectativa é fortalecer a população em vida livre.
O período de quarentena ocorreu no Instituto Federal do Sertão Pernambucano (IF Sertão-PE), em Petrolina, onde as aves passaram por exames e avaliações veterinárias para garantir sua saúde antes da transferência. Especialistas monitoraram rigorosamente as condições sanitárias para prevenir riscos à biodiversidade local.
“A quarentena, que dura entre 21 e 28 dias, é essencial para avaliar clinicamente as aves e detectar possíveis doenças, como a Influenza Aviária e a Doença de Newcastle, garantindo que a reintrodução ocorra com segurança”, destacaram os responsáveis pelo processo.
A saída das aves do quarentenário foi coordenada por uma operação conjunta entre a ONG ACTP (Association for the Conservation of Threatened Parrots), a organização BlueSky, que atua na Caatinga, além da Polícia Federal, IBAMA e MAPA. O transporte até Curaçá contou com escolta para garantir a segurança dos animais.
No local, os especialistas analisaram a condição das aves e definiram sua destinação. Entre os 41 indivíduos, 10 foram considerados aptos para a adaptação imediata e foram transferidos para o recinto de soltura, juntando-se a outras 10 ararinhas já preparadas para a reintrodução.
Segundo o Dr. Cromwell Pucharse, diretor da ACTP no Brasil, a escolha foi baseada em critérios genéticos e comportamentais. “Analisamos a diversidade genética, a idade e o comportamento das aves. Com as autorizações para as solturas deste ano e do próximo, iniciaremos a preparação das aves para reintrodução conforme sua prontidão”, explicou.
As demais 31 ararinhas permanecerão em áreas de manejo dentro do centro. Destas, 15 integrarão o plantel reprodutivo, contribuindo para a geração de novas aves. Outras 16 ficarão em um recinto de socialização, sendo avaliadas ao longo do ano para determinar sua aptidão para soltura no futuro.
A chegada desse novo grupo reforça os esforços de conservação da ararinha-azul, consolidando a esperança de que a espécie volte a voar livremente pela Caatinga brasileira.
As informações são do G1 Bahia