O superintendente da Codevasf em Juazeiro (BA), Miled Cussa Filho, foi exonerado do cargo no dia 9 de maio, um dia após encaminhar ofícios ao Ministério Público Federal (MPF) e à Controladoria-Geral da União (CGU) relatando supostas fraudes em convênios firmados com a Prefeitura de Campo Formoso.
As denúncias envolvem contratos com a empresa Allpha Pavimentação e apontam indícios de corrupção e superfaturamento em obras de pavimentação.
A Polícia Federal (PF), que conduz a investigação, apura a relação entre a prefeitura — comandada por Elmo Nascimento, irmão do deputado federal Elmar Nascimento — e a empresa citada. Conforme os documentos enviados por Cussa Filho, o prefeito Elmo teria organizado uma reunião com os investigados, que se identificaram como representantes de outra empresa.
Em nota, a Codevasf informou que a exoneração de Miled Cussa Filho foi uma medida preventiva, com o objetivo de preservar a transparência e a integridade institucional. O presidente da companhia, Marcelo Moreira — também indicado politicamente por Elmar Nascimento — negou que a saída tenha sido uma retaliação.
A Operação Overclean, que investiga o caso, foi remetida ao Supremo Tribunal Federal (STF) devido à possível participação do deputado Elmar Nascimento.
Os convênios em questão somam R$ 57 milhões e resultaram em duas licitações vencidas pela Allpha Pavimentação. A PF identificou possíveis conluios entre o pregoeiro e servidores da prefeitura para beneficiar a empresa, além de indícios de que empresários envolvidos tiveram acesso antecipado a informações dos certames, o que levanta suspeitas de pagamento de propina.
Cussa Filho também cobrou esclarecimentos da prefeitura sobre a presença de investigados em reuniões relacionadas aos convênios. A Codevasf identificou falhas na execução das obras, além de superfaturamento. Até o momento, a Prefeitura de Campo Formoso não se manifestou oficialmente sobre as irregularidades apontadas.