
(Foto: MST Petrolina)
Durante o ato pró-Lula realizado na tarde da sexta-feira (6), o representante do Movimento Sem Terra (MST), em Petrolina, Florisvaldo Alves utilizou sua fala para chamar atenção da população petrolinense sobre o Projeto Pontal.
“Nesse momento mais de 600 famílias no Pontal se encontram em vigília, primeiro em defesa das terras do Pontal e a oligarquia política de Petrolina quer colocar na mão grandes empresários, através de uma licitação fajuta e essas famílias estão em vigília em defesa da vida, da liberdade e da democracia”, disse em seu discurso.
Segundo Florisvaldo, desde fevereiro as famílias assentadas nos Acampamentos Dom Tomás e Democracia estão sem água e energia, que foram cortadas a pedido da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). O Blog tem acompanhando a situação e conversou com Florisvaldo.
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“Toda aquela terra de mais de 30 mil hectares que pertencem à União e a Codevasf através de uma licitação arbitrária, que possibilita entregar aquelas terras a empresa, a grandes empresários daqui e de fora, enquanto as famílias que estão lá produzindo em mais de quatro mil hectares, de maneira sustentável, sem agredir o solo e utilização de agroquímicos e a Codevasf a cada dia tenta retirar as famílias a força. Primeiro cortaram nossa água, inclusive aterrando o canal, depois retiraram a energia, mas isso não faz com que as famílias desistam”, afirmou.
Ameaças
De acordo com Florisvaldo, as famílias estão produzindo com a água coletada durante as chuvas de fevereiro e março e a energia foi restabelecida na última semana. O representante do movimento relata que diariamente os assentados são ameaçados pela Codevasf.
“As famílias estão conseguindo sobreviver, mas estão bastante apreensivos porque a cada dia a Codevasf ameaça tirar as famílias com a utilização de força policial, utilizar máquina patrol para destruir as moradias e as plantações”.
Outro lado
Desde o início do impasse entre assentados e Codevasf, nossa equipe acompanha de perto o desenrolar das ações. Segundo com a Companhia, o MST ocupa ilegalmente o Projeto Pontal, primeiro em 28 de setembro de 2014, na formação do Acampamento Dom Tomás. Em 16 de abril de 2016 outra ocupação resultou no Acampamento Democracia.
Em 2017, o MST se comprometeu a desocupar o Projeto Pontal, conforme informação repassada pela Codevasf. As famílias seriam deslocadas para uma área provisória, cuja designação seria de competência do Incra ou da Codevasf.
O Incra também se responsabilizaria por realizar um assentamento definitivo para as famílias que não se enquadrassem no perfil da reforma agrária. A reunião de 2017 também definiu como encaminhamentos, a realização do cadastro dos ocupantes (competência do Incra), levantamento de informações sobre a produção agrícola dos ocupantes e a identificação de áreas na região para a instalação provisória das famílias.
No entanto, a situação continua sem solução e a Codevasf estava autorizada pela Justiça para realizar a reintegração de posse, até mesmo com o uso da força. Até o momento a atitude não foi tomada, mas em fevereiro a Companhia cortou a água e energia do Pontal.