Quase um mês após a abertura das propostas para a licitação dos projetos executivo e básico do trecho pernambucano da Ferrovia Transnordestina, ainda não há uma vencedora definida.
A estatal Infra S.A., responsável pela licitação, desclassificou as duas primeiras colocadas por não cumprirem os requisitos exigidos e agora está analisando a documentação da terceira colocada, a Nova Engevix Engenharia e Projetos, que ofereceu realizar o serviço por R$ 16,4 milhões.
No dia da abertura das propostas, a classificação foi baseada nos menores preços apresentados. A empresa pernambucana Geosistemas Engenharia e Planejamento, que ofereceu o serviço por R$ 12,4 milhões, foi a primeira colocada. No entanto, segundo informações no site da Infra, a Geosistemas não atendeu a pelo menos seis requisitos técnicos e solicitou mais tempo para apresentar a comprovação.
A segunda colocada, Estratégica Engenharia, que apresentou um preço de R$ 15,2 milhões, também foi desclassificada por não cumprir integralmente os requisitos do edital quanto à habilitação.
O trecho pernambucano da Transnordestina, que terá 520 km ligando Salgueiro ao Porto de Suape, é crucial para a infraestrutura da região. Iniciada em 2006, a obra está parada desde 2016. A licitação para os projetos básico e executivo é fundamental para definir o novo traçado e os recursos necessários para concluir o empreendimento, cujo custo estimado é de R$ 5 bilhões. A União alocou R$ 450 milhões no orçamento para a retomada da obra.
A conclusão do trecho pernambucano promete melhorar significativamente a infraestrutura local, beneficiando diversos polos econômicos, como a avicultura pernambucana, o polo de gesso do Araripe, e a fruticultura de Petrolina. Além disso, pode estimular a extração de minério de ferro no Sul do Piauí, que ainda não começou devido à falta de uma ferrovia.
Enquanto o trecho pernambucano aguarda definição, o trecho cearense da Transnordestina está em obras e deve chegar ao Porto de Pecém em 2027. Especialistas em desenvolvimento regional afirmam que a ferrovia só trará benefícios plenos se ambos os trechos previstos no projeto original forem implementados: um ligando o Sul do Piauí a Salgueiro e, daí, bifurcando-se para os portos de Pecém e Suape.
Preocupado com a ausência de trens em parte do Nordeste, o governo federal criou um grupo de trabalho via portaria 386 para buscar uma solução consensual para a malha ferroviária outorgada à Ferrovia Transnordestina Logística S.A.
A proposta deve priorizar o interesse público e a viabilidade técnica e jurídica, com uma solução esperada em 90 dias. Isso também envolve discutir a devolução dos trechos da antiga Malha Ferroviária do Nordeste que iam de Propriá, em Sergipe, até São Luiz, no Maranhão, atualmente em uso apenas no Ceará e Maranhão.